Assim como havia algo de profundamente magnético naqueles longos planos de um gajo a pintar, no Twin Peaks de 2017 há algo de perversamente confortável na viagem mato adentro deste serial killer. Fez-me lembrar o A Ghost Story, na perspectiva inusitada e declarada de voyeur; de uma visão contemplativa e raramente contemplada. Aqui o outro lado, um Viver Mal dos slashers: seguimos, quase sempre na primeira pessoa Johnny, um monstro que acordou e iniciou a sua matança. Lá vai ele aos poucos nas florestas, nos bosques, nos lagos, nos pastos. De manhã, de tarde, de noite. Sempre à procura de alguém a quem possa infligir uma morte danada. Este virtuosismo do percurso e da montagem, acaba por diluir a tensão e expetativa tão necessárias no género. Transformando este In a Violent Nature num animal curioso mas em conflito consigo próprio.
quarta-feira, 3 de julho de 2024
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