Olhem, foi um bocado bem passado: fiz as pazes com o chinês - eu sei que é coreano - do The Walking Dead e apaixonei-me de novo pela loira do The Babysitter. Que assim de esgalhão fez dois miminhos da facada e da motosserra do melhor que se viu este ano. Este contigo menina. O filme, nada de novo mas diverte. Só que com o som no máximo ou seja: mesmo nada de novo mas diverte mesmo. O mesmo é mesmo aqui o truque: um bocadinho perto de The Belko Experiment e dos outros 3457 filmes que enclausuram pessoas com bexigoses e com raivas, mas muito mais livre, sem códigos morais ou exercícios de situação. Projeções. Que se lixem. Temos desculpa para tudo e apesar de não conseguir aguentar o frenesim genial do início deixa-nos com vontade de inventar uma app onde a malta fica com o olho vermelho.
terça-feira, 14 de novembro de 2017
sexta-feira, 10 de novembro de 2017
Motas e espadas
The Villainess tem cenas de batatada tão boas que quase - atenção quase - destronavam o John Wick 2 do trono de melhor "ação cristalina" de 2017. Para além disso, deixam-te a interrogar - especialmente nas cenas com veículos em movimento - mas como é que eles fizeram isto? Eu fui pesquisar e já sei, mas não vos digo porque vocês já são grandinhos, vá, vão lá trilhar as vossas próprias veredas. Com esta senhora? Pois, a execução do argumento, já por si mastigado, é um pouco trapalhona, especialmente no terceiro ato. Falta aquele golpe de mestre para juntar à façanha visual. Nunca chega. Mas opá, tem motas e espadas, ao mesmo tempo. Querem mais o quê?
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
Os filmes da Eliza
Nem são tanto os cortes a meia sentença mas mais o encavilatar das palavras. A translucidez do quotidiano num estado de desordem natural, sem tempo, sem filas de espera ou momentos ideais. Nisso Baumbach é rei e senhor, tendo aqui um deslumbrado, em constante descoberta. E depois os detalhes da incompreensão, do ridículo e da arte. The Meyerowitz Stories (New and Selected) tem esse triângulo requintado nos filmes da Eliza, a jovem que estuda cinema e que faz algo, um pouco fora. Para deleite de uns, boca aberta de outros. Hilariante, delicioso. Por si só valiam outro filme, spin-off já?
domingo, 5 de novembro de 2017
A noite voltou
Poder redescobrir alguém é um dos privilégios, a tal vista sobre a cidade, que o cinema oferece. Não que Pattinson não andasse senhor do esforço, bem acompanhado e bem dirigido. Um sol atrás do outro. Mas Good Time é o seu definitivo aperto de mão, uma tour não só de force, mas de tudo o que de mais portento e verdadeiro se carrega num corpo. Num inacreditável - e tão bem colorido - desespero, saltamos de porta em porta, de esquecido em esquecido, de engano em engano. Personagens que a lente pensava extintas, na noite que agora as apresenta. A colidir, a explodir, para depois voltarmos ao cerne solitário da questão, à incompreensão, num deslumbre ao som de Iggy Pop. Que maravilha amigos.
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
Hoje vai ser uma festa
Bem, é melhor que o outro, que vi também este ano, da gaja do gorro. Ao menos este tem, vá é melhor. Não comecem com perguntas difíceis. Time loop, como fugir a um time loop. Não dá. Mesmo que depois, um promissor festival de gore ande hora e meia à procura de tom, em constante afinação, entre aquela frescura slasher de Scream e a parvoíce da sua paródia Scary Movie. Happy Death Day é previsível até à ponta dos cabelos e as unhas são de facto curtas para o desafio marmota. O que é pena. Ainda por cima foi um trailer que vi pela primeira vez no cinema, o que já não me acontecia desde 1992. Um gajo cria laços.
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
A sacudir a neve
Bem a meio da experiência, quando o foco era ela ou ele, nada avizinhava tamanha tomada de posse. As interpretações não me convenciam e faltava química. Em ambas as direções. Uma barreira gelada que impedia a crueza de chegar. A violência chega, num ajuste brutal e o filme termina. Na lógica para sempre - e aqui o engraçado - mas a música e aquele branco continuaram. Os interstícios de mota, naquelas enormes paisagens, naqueles vazios de corpos abandonados pelo mundo, irrompem como a chave decisiva. Wind River é aquele todo orgânico, enquanto memória, que vagueia à procura de um definitivo lar, de um espaço no espaço. Bem bonito.
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