quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

A nossa última narrativa

Westworld teve alguns problemas no motor de arranque. Não com o seu, mas com o público/crítica em geral. Mais crítica. Que enquanto a Teta dos Tronos não secar nada pode imperar. E isto é de facto real, pois o único pecado desta adaptação arrojada do filme de 1973 é ser cento e cinquenta vezes superior à adaptação dos livros do George R. Martin. Para quê comparar, infantilidades Ronaldo/Messi, porque não posso gostar dos dois? Não dá amigos, o papá é o mesmo. Mas, testas à parte, esta primeira temporada foi a viagem cerebral e visceral que prometia, tendo a benesse de vir embrulhada num pacote 5 estrelas, primeira classe, bem acima de todas as possibilidades. O que torna a coisa no casamento perfeito de qualquer doidinho de Galacticas e Blade Runners, ou saudoso apenas de uma boa história. Chega a ser quase ofensivo, para a estrutura televisiva contemporânea, ter um produto tão caro que se responde e se encerra de forma tão vincada, tão bonita, tão eficaz. Tão modesta. Aquela festa final, aquela última narrativa é o próprio Westworld a mandar o sistema à merda, a massacrá-lo, a brincar com ele e a dizer: podemos, devemos e conseguimos. Não preciso cá de segundas núpcias para tirar conclusões ou satisfações. Visitante mais que satisfeito. Ou serei já anfitrião?

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