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Em relação aos comentadores, continuo sem perceber como é que com tanto tempo de preparação ainda há tempo para se enrolarem e se trocarem. É uma vez no ano, não é pedir muito que a lição esteja bem estudada.
Passando à cerimónia em si, se não foi a pior que já assisti, anda mesmo muito lá perto. Franco e Hathaway ofereceram uma prestação estranha e desequilibrada, onde a contenção risonha dele era compensada pelo constante overacting dela. Sem timing, sem piada, sem estofo. Nem a sequência inicial - a fazer lembrar os bons velhos tempos do Billy Crystal - salvou os dois anfitriões. Depois veio Kirk Douglas, que rapidamente passou de engraçado a bizarro. E a seguir? A seguir a Melissa Leo disse um palavrão, cantaram-se umas canções, check, check, check, adormeci um bocadinho e mais check, check, check, o que se estava à espera. Discursos sem emoção, repetitivos até à sétima casa, com excepção para Charles Ferguson, de Inside Job, que ofereceu a única frase interessante da noite. Outro pormenor perturbador, referido aqui por Vasco Câmara, foi o facto de as dez películas nomeadas a Melhor Filme terem sido apresentadas ao som de O Discurso do Rei.
O que mais me surpreende (e assusta) no meio de tudo isto é o facto de a indústria mais poderosa do entretenimento não conseguir, durante umas meras três horinhas, entreter.
O rei ganhou. E meu amigos: ele vai completamente nu.