Em Charlie Wilson's War, baseado no best-seller do mais ou menos recém-falecido George Crile com o mesmo título, mais do que as idiossincrasias no mínimo interessantes do Charlie Wilson (álcool, mulheres, droga, troca de favores), é de realçar a assutadora facilidade com que um único congressita americano (Tom Hanks), influenciado por uma multimilionária texana (Julia Roberts) e ajudado por um desocupado agente da CIA (Philip Seymour Hoffman), foi capaz de mudar o rumo da história recente da humanidade.
A história de como um único homem, ainda por cima sem ser figura de topo da diplomacia, economia ou política norte-americanas, consegue armar os al mujahedin (futuros talibã) afegãos, derrotar o até então invencível exército soviético e precipitar o final da Guerra Fria, não fora incrivelmente verídica e seria um excelente argumento de humor/ paródia à política externa norte-americana.
O legado mais importante do filme é pôr a nú o facilitismo com que se aprovam secretíssimos orçamentos destinados à guerra, sem os devidos esclarecimento e escrutínio por parte do povo, ou sequer da totalidade do Congresso. A possibilidade de ser um homem comum a tomar decisões deste calibre, apesar de inspiradora (Charlie Wilson's comove-se indeed com o sofrimento do dizimado povo afegão), torna-se arrepiante, se pensarmos que o secretismo do financiamento e apoio à "causa" guerra se pode repetir nos mesmos moldes.
O filme traduz igualmente a hipocrisia dos líderes (dos Estados Unidos e do Médio Oriente) em acordos secretos devido a interesses pontuais em comum, e o sofrimento a que o povo que os elegeu é abandonado no final da crise, espelhando uma história que se vai repetindo e a intemporal falta de uma estratégia que não a dos interesses económicos. Falta de estatégia que neste caso é agudizada (e agonizada) pela ironia dos al mujahedin terem sido armados pelos eternos inimigos que mais tarde viriam a atacar.
Enquanto peça cinematográfica, Jogos de Poder não é demasiado brilhante, mas para making of do Rambo III não está nada mau. Não vi o Closer, pelo que a comparação da mestria do realizador em dois géneros diferentes fica para outra altura. Não deverá fugir aos Óscares, contando com algumas nomeações e é sério candidato a Melhor Argumento Adaptado. É um bom filme, cujo propósito de contar a história do Charlie Wilson e da sua guerra é perfeitamente alcançado. Não obstante, omite a reacção dos líderes americanos - Presidente e Secretário de Estado da Defesa - na altura, pormenor que poderia ser importante para a compreensão do contexto histórico e geopolítico, uma vez que do lado árabe esse enquadramento vai sendo minimamente feito.
O melhor: a impressionante interpretação de Philip Seymour Hoffman enquanto agente da CIA. Valeria o Óscar de Melhor Actor Secundário sem a menor dúvida, se na Academia umas estatuetas não hipotecassem outras futuras. Ainda assim, é a minha aposta no escuro para ganhar o pisa-papéis dourado.
A história de como um único homem, ainda por cima sem ser figura de topo da diplomacia, economia ou política norte-americanas, consegue armar os al mujahedin (futuros talibã) afegãos, derrotar o até então invencível exército soviético e precipitar o final da Guerra Fria, não fora incrivelmente verídica e seria um excelente argumento de humor/ paródia à política externa norte-americana.
O legado mais importante do filme é pôr a nú o facilitismo com que se aprovam secretíssimos orçamentos destinados à guerra, sem os devidos esclarecimento e escrutínio por parte do povo, ou sequer da totalidade do Congresso. A possibilidade de ser um homem comum a tomar decisões deste calibre, apesar de inspiradora (Charlie Wilson's comove-se indeed com o sofrimento do dizimado povo afegão), torna-se arrepiante, se pensarmos que o secretismo do financiamento e apoio à "causa" guerra se pode repetir nos mesmos moldes.
O filme traduz igualmente a hipocrisia dos líderes (dos Estados Unidos e do Médio Oriente) em acordos secretos devido a interesses pontuais em comum, e o sofrimento a que o povo que os elegeu é abandonado no final da crise, espelhando uma história que se vai repetindo e a intemporal falta de uma estratégia que não a dos interesses económicos. Falta de estatégia que neste caso é agudizada (e agonizada) pela ironia dos al mujahedin terem sido armados pelos eternos inimigos que mais tarde viriam a atacar.
Enquanto peça cinematográfica, Jogos de Poder não é demasiado brilhante, mas para making of do Rambo III não está nada mau. Não vi o Closer, pelo que a comparação da mestria do realizador em dois géneros diferentes fica para outra altura. Não deverá fugir aos Óscares, contando com algumas nomeações e é sério candidato a Melhor Argumento Adaptado. É um bom filme, cujo propósito de contar a história do Charlie Wilson e da sua guerra é perfeitamente alcançado. Não obstante, omite a reacção dos líderes americanos - Presidente e Secretário de Estado da Defesa - na altura, pormenor que poderia ser importante para a compreensão do contexto histórico e geopolítico, uma vez que do lado árabe esse enquadramento vai sendo minimamente feito.
O melhor: a impressionante interpretação de Philip Seymour Hoffman enquanto agente da CIA. Valeria o Óscar de Melhor Actor Secundário sem a menor dúvida, se na Academia umas estatuetas não hipotecassem outras futuras. Ainda assim, é a minha aposta no escuro para ganhar o pisa-papéis dourado.
1 comentário:
Um daqueles a ver.O Philip Seymour Hoffman é um dos meus actores de eleição e este ano, pelo menos a nomeação(se não for aqui em The Savages), não lhe deve fugir.E também já tenho saudades de ver o Tom Hanks num papelaço assim à séria.
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