[SPOILERS] Chorei mais a morte de Kristin Scott Thomas no filme original, com 30 minutos em cena, do que com a despedida de Luther, personagem recorrente neste 29 anos de Missões Impossíveis. 1996 transbordava charme, drama, espionagem. "Ah ela casou e ficou diferente", de facto. A saga decidiu dar o nó com Christopher McQuarrie. Aconteceu o mesmo com Harry Potter e David Yates ou 007 e Sam Mendes: séries que se querem episódicas, refrescantes e inventivas caem num fosso balofo e tarefeiro. Filmes maiores, mais pesados, mais ligados, sempre a comer, comer, comer (faturar, faturar, faturar). É trágico, e o que acontece neste The Final Reckoning é inexplicável. A primeira hora e meia opera na lógica saudosista do grande plano: um gigantesco vídeo de YouTube, com explicações, recapitulações e imagens das obras antigas a cada cinco minutos; personagens ou ligações a personagens clássicas tiradas do rabo, patetas, como o filho do Phelps ou o outro senhor que mora numa cabana gelada e casou com uma inuíte. Tudo conduzido por diálogos muito sérios, muito mal escritos, muito mal editados que quase desaparecem numa espécie de paródia sombra. Onde está o divertimento? Onde está a equipa? A unidade morreu, não há qualquer tipo de calor entre Hunt e seus/suas muchachos/as, é um preparar interminável de terreno para duas cenas igualmente intermináveis de "wow ele fez mesmo isto?". Se são incríveis e bem feitas? Claro que são, mas são objetos independentes, sem cordão umbilical a nada, sem nada verdadeiramente em jogo. Pode também ter a ver com o pobre vilão, com o plano vazio da entidade, com os problemas de produção, com a parte dois que já não foi, com o covid, com a morte da princesa Leia, com o preço das pipocas, com o que for, certo é que a saga não merecia de todo este adeus.
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