sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Polígrafo - The Materialists


[SPOILERS] No filme The Materialists a personagem de Pedro Pascal faz um aumento de pernas de 15 centímetros, é possível?

Sim, o alongamento ósseo existe, feito geralmente nas tíbias ou fémures, usando hastes internas ou fixadores externos que vão sendo ajustados pouco a pouco para estimular o crescimento do osso. O alongamento é feito em etapas de cerca de 0,75 a 1 mm por dia, totalizando no máximo 6 a 8 cm por osso em pacientes adultos. 15 cm num único procedimento não é considerado realista nem seguro, pois iria aumentar as hipóteses de complicações.

Fonte: ChatGPT

Sei o que fumaste no Verão passado

[SPOILERS] Confesso que gostei da piada das Bahamas. Tenho de reconhecer também alguma coragem na resolução do mistério. Não é comum - aliás não me lembro de outro exemplo - uma personagem legado, herói dos dois primeiros filmes, passar a vilão. Fala-se deste fado para a Sidney do Scream há anos mas nunca aconteceu. E por alguma razão foi: uma reviravolta destas implica uma construção de personagem robusta, dedicada e que entrelace as costuras de quase 30 anos de ausência. Não é agarrar nesta imagem que temos de moço dedicado, que passou as passas do Algarve para salvar a sua chavala de um pescador doidinho, e agora simplesmente dizer que ele é mau. Teve muito tempo ao Sol. É uma traição a quem vem de trás e um ponto de interrogação para quem chegou agora. Um twist sem sentido nenhum, mal construído que fecha um filme aborrecidíssimo, onde as mortes - quando aparecem no écran - são frouxas, sem tempo, sem suspense. O original tinha aquela maresia de terra pequena, piscatória, com os seus elementos e personagens absortos num mistério credível. Esta sequela perde todo esse charme, atirando para primeira linha um grupo de gente gira e com potencial mas que vê todas as suas texturas, sombras, de interesse serem levadas pelas vagas orientadoras de 2025. 

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

A indignação é uma arma

Fui pedir o dinheiro de volta, claro. Mas o que é esta merda? Um filme que faz tudo bem? Uma obra viciante, com uma narrativa fragmentada e vibrante, sem truques de twists ou enganos que afinal não? Um puzzle de personagens com um elenco imprevisível e no topo da sua forma? Um mistério de verdadeiros sustos, frames icónicos e um monstro que entra direto para o panteão do horror? Mas o que é esta merda? É que se a moda pega começamos a sair da sala com aquela energia de ter vivido algo verdadeiramente único. 

Não estamos sozinhos

[SPOILERS] A Pixar sempre foi mestra em referenciar outros filmes mas este adeus à Terminator 2 é entrada direta para o pódio. Que mimo. No exato clique em que o filme se equilibra, estabelece uma rota e usa todos os seus trunfos para um último ato vencedor. Todas aquelas parcelas de ficção científica que pareciam perdidas, a deambular numa primeira parte apressada, juntam-se em cenas inesquecíveis como a fuga dos detritos ou o sacrifício do Lord Grigon para salvar o filho. Um belíssimo e ternurento arranjo da expressão "we´re not alone". Porque de facto não estamos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Ep.14 - Upside Down/Patema Inverted


Numa espécie de apagão gravitacional, gravitão, Miguel acorda no tecto. O que dá jeito, para mudar aquelas lâmpadas mais manhosas de encaixe clique, mas que se releva um verdadeiro inferno para gravar um podcast. Decide então recorrer ao vasto catálogo de obras que abordam este problema: duas. Folheia então ao contrário estas intricadas histórias, repletas de regras, amnésias amorosas e viagens de uber penduradinhos no nosso amigo. Se ele for um bocadito mais pesado, obviamente.

Episódio disponível aqui.

O adeus (im)possível

[SPOILERS] Chorei mais a morte de Kristin Scott Thomas no filme original, com 30 minutos em cena, do que a despedida de Luther, personagem recorrente neste 29 anos de Missões Impossíveis. 1996 transbordava charme, drama, espionagem. "Ah ela casou e ficou diferente", de facto. A saga decidiu dar o nó com Christopher McQuarrie. Aconteceu o mesmo com Harry Potter e David Yates ou 007 e Sam Mendes: séries que se querem episódicas, refrescantes e inventivas caem num fosso balofo e tarefeiro. Filmes maiores, mais pesados, mais ligados, sempre a comer, comer, comer (faturar, faturar, faturar). É trágico, e o que acontece neste The Final Reckoning é inexplicável. A primeira hora e meia opera na lógica saudosista do grande plano: um gigantesco vídeo de YouTube, com explicações, recapitulações e imagens das obras antigas a cada cinco minutos; personagens ou ligações a personagens clássicas tiradas do rabo, patetas, como o filho do Phelps ou o outro senhor que mora numa cabana gelada e casou com uma inuíte. Tudo conduzido por diálogos muito sérios, muito mal escritos, muito mal editados que quase desaparecem numa espécie de paródia sombra. Onde está o divertimento? Onde está a equipa? A unidade morreu, não há qualquer tipo de calor entre Hunt e seus/suas muchachos/as, é um preparar interminável de terreno para duas cenas igualmente intermináveis de "wow ele fez mesmo isto?". Se são incríveis e bem feitas? Claro que são, mas são objetos independentes, sem cordão umbilical a nada, sem nada verdadeiramente em jogo. Pode também ter a ver com o pobre vilão, com o plano vazio da entidade, com os problemas de produção, com a parte dois que já não foi, com o covid, com a morte da princesa Leia, com o preço das pipocas, com o que for, certo é que a saga não merecia de todo este adeus.