quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Ep.14 - Upside Down/Patema Inverted


Numa espécie de apagão gravitacional, gravitão, Miguel acorda no tecto. O que dá jeito, para mudar aquelas lâmpadas mais manhosas de encaixe clique, mas que se releva um verdadeiro inferno para gravar um podcast. Decide então recorrer ao vasto catálogo de obras que abordam este problema: duas. Folheia então ao contrário estas intricadas histórias, repletas de regras, amnésias amorosas e viagens de uber penduradinhos no nosso amigo. Se ele for um bocadito mais pesado, obviamente.

Episódio disponível aqui.

O adeus (im)possível

[SPOILERS] Chorei mais a morte de Kristin Scott Thomas no filme original, com 30 minutos em cena, do que com a despedida de Luther, personagem recorrente neste 29 anos de Missões Impossíveis. 1996 transbordava charme, drama, espionagem. "Ah ela casou e ficou diferente", de facto. A saga decidiu dar o nó com Christopher McQuarrie. Aconteceu o mesmo com Harry Potter e David Yates ou 007 e Sam Mendes: séries que se querem episódicas, refrescantes e inventivas caem num fosso balofo e tarefeiro. Filmes maiores, mais pesados, mais ligados, sempre a comer, comer, comer (faturar, faturar, faturar). É trágico, e o que acontece neste The Final Reckoning é inexplicável. A primeira hora e meia opera na lógica saudosista do grande plano: um gigantesco vídeo de YouTube, com explicações, recapitulações e imagens das obras antigas a cada cinco minutos; personagens ou ligações a personagens clássicas tiradas do rabo, patetas, como o filho do Phelps ou o outro senhor que mora numa cabana gelada e casou com uma inuíte. Tudo conduzido por diálogos muito sérios, muito mal escritos, muito mal editados que quase desaparecem numa espécie de paródia sombra. Onde está o divertimento? Onde está a equipa? A unidade morreu, não há qualquer tipo de calor entre Hunt e seus/suas muchachos/as, é um preparar interminável de terreno para duas cenas igualmente intermináveis de "wow ele fez mesmo isto?". Se são incríveis e bem feitas? Claro que são, mas são objetos independentes, sem cordão umbilical a nada, sem nada verdadeiramente em jogo. Pode também ter a ver com o pobre vilão, com o plano vazio da entidade, com os problemas de produção, com a parte dois que já não foi, com o covid, com a morte da princesa Leia, com o preço das pipocas, com o que for, certo é que a saga não merecia de todo este adeus.