[SPOILERS] É irónico, mas o melhor segmento de Alien: Romulus não tem nenhum alien. Somos atirados de início para uma colónia mineira, num recanto da galáxia; penumbra, pó, populaça e o sonho de uma vida melhor. É neste ímpeto de fuga que chegamos a uma estação à deriva e de novo todos aqueles tempos certos da ficção científica. A música e a calma com que vemos as naves a manobrar, a acoplar, como o Verhoeven tão bem fazia no seu Starship Troopers. O mergulho é real e continua numa estação abandonada - escura e claustrofóbica - dividida em duas metades, Romulus e Remus. Irmãos, como a dupla protagonista Rain e Andy. E é nesta complexa relação que reside o tema mais interessante do filme: a irmã que preserva no andróide, seu irmão, as memórias (e as piadas) do seu pai. Como se fosse o último reduto analógico de alguém que partiu, como uma fotografia, e da qual tudo faremos para proteger.
Porém, como diz o Miguel Araújo, "se eu não mato a saudade, é ela que me mata a mim".
E Fede Alvarez entra então em modo greatest hits com um caderno de encargos mais extenso que a fronteira entre o Cazaquistão e a Rússia. Aliens aos magotes, armas de marine, andróide mau e afasta-te dela seu sacaninha. Até tocou aquela "Dei à luz um Engenheiro", numa crise grave de Regresso do Reitivite, em que o filme acaba só que afinal não porque ainda falta a 17ª homenagem/colagem às obras anteriores. Um assalto tenso e fechado, com temáticas humanas e cenas de ação inventivas, torna-se num festival demorado de músicas de outrora.
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