[SPOILERS] Aos vinte minutos de filme, já depois da viagem ter começado, pensei - Ah de certeza que no final a jornalista veterana falece e a novata regista o momento. Depois esbofeteei-me. Não sejas parvo Miguel, é o Garland caralho. Não é um tarefeiro qualquer. É claro que ele vai procurar outro caminho. É claro. É claro que não. E saltando essa barreira da expectativa autoral, encharcadinhos de previsibilidade, podíamos ter esse mesmo final se existisse uma construção/ligação entre essas duas personagens. Era necessário sentir a transformação, a energia de uma que se esgota em prol da metamorfose da outra. Falta tempo, falta química. Os diálogos pouco trabalhados e as decisões artísticas guiadas pelo manual - como as fotografias a preto e branco - também não ajudam a que se possa encontrar um espaço distinto. Gosto muito do lado da reportagem, de irmos de momento em momento, de relato em relato, com uma cinematografia incrível (o tal verde garlandiano a espaços, o que eu procurava a espaços). Mas sinto que o filme nunca se encontra, entre os horrores da guerra, a adrenalina da profissão, o conflito de gerações, a crítica política, o valor da imagem. Tudo tem lugar mas nada realmente assina e se deixa assinar.
sexta-feira, 31 de maio de 2024
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