Trauteio sempre um bocadinho de Alphaville quando leio o título. Sou só eu? Se calhar sou. Bem, chegamos então ao quinto capítulo da saga The Purge, que à semelhança do quinto capítulo da saga Rambo, vai para sul, para as planícies e para os ranchos desta vida. Recatos que trazem sempre água no bico. Primeiro que tudo, tirar o chapéu (de cowboy) a esta mitologia, por tentar sempre em cada filme ilustrar uma nova hipótese, não só alternando entre perspetivas (ricos, pobres, militares, civis) mas avançando numa cronologia e numa transformação/evolução do evento. Desde a sua génese (a prequela) até ao início (conciso) de apresentação, passando depois para as ruas, para as regras e no final para a política. Esta mais recente purga faz isso mesmo, explora mais um "e se", neste caso "e se a liberdade de matar quem quiséssemos não terminasse?". Nunca. Depois de se ter extinguido (terceiro capítulo) este forrobodó anual volta a ser reinstalado e passado uns anos a bolha rebenta: grupos organizados de supremacistas brancos expandem a purga para além das 12 horas legais e começam uma caça a todos os estrangeiros. Seguimos então uma abastada família texana que tem de unir esforços com os seus empregados mexicanos para conseguirem sobreviver. O conceito é bom, aquela tensão da noite é bem replicada para a manhã seguinte, para o temor de uma eternidade, de uma guerra. Só que depois senti falta das bizarrias purganianas dos anteriores, das luzes, das máscaras, das armadilhas, do sadismo. Tudo isso aqui é substituído por uma fuga estrada fora, que de cinco em cinco minutos nos esbofeteia com as questões dos emigrantes, dos muros, dos índios, da ironia de ser o México a receber refugiados (como aconteceu em O Dia Depois de Amanhã). A coisa podia fluir sem essas constantes letras gordas, nós percebemos. Agora tragam mas é de volta o Frank Grillo e voltem a desligar as luzes.
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