Há uma série de filmes que me aproximam do meu pai. Temporárias abreviações de um texto permanente e doloroso. Surgem ao lado daqueles que vivemos e vimos juntos. Aparecem - a cores no preto e branco - como obras que sei que ele ia gostar. Pelo tema, personagens, agitação. A vida que carregam; o meu pai sempre procurou essas narrativas: da gente real, das pessoas que estão ali à mesa sem lentes, a conversar, que se juntam para aprender italiano ou que se isolam como guardas de uma estação de comboio. O meu pai ia adorar este Sorry We Missed You. Uma família inglesa a braços com um quotidiano pesado, precário e injusto. Um amanhã pouco possível, a fugir aos tic tacs das entregas, aos cuidados dos mais velhos, a um filho rebelde ou a uma filha aplicada. Todas as peças destes tempos, com quatro interpretações insuperáveis, especialmente a mãe, com momentos de completo desarme (sim a cena do hospital). Ken Loach filma a falta de esperança com uma sobriedade e um respeito pelos laços, pela ternura, que a tristeza vira facilmente um caloroso abraço. Obrigado.
sexta-feira, 19 de março de 2021
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