Há uma série de filmes que me aproximam do meu pai. Temporárias abreviações de um texto permanente e doloroso. Surgem ao lado daqueles que vivemos e vimos juntos. Aparecem - a cores no preto e branco - como obras que sei que ele ia gostar. Pelo tema, personagens, agitação. A vida que carregam; o meu pai sempre procurou essas narrativas: da gente real, das pessoas que estão ali à mesa sem lentes, a conversar, que se juntam para aprender italiano ou que se isolam como guardas de uma estação de comboio. O meu pai ia adorar este Sorry We Missed You. Uma família inglesa a braços com um quotidiano pesado, precário e injusto. Um amanhã pouco possível, a fugir aos tic tacs das entregas, aos cuidados dos mais velhos, a um filho rebelde ou a uma filha aplicada. Todas as peças destes tempos, com quatro interpretações insuperáveis, especialmente a mãe, com momentos de completo desarme (sim a cena do hospital). Ken Loach filma a falta de esperança com uma sobriedade e um respeito pelos laços, pela ternura, que a tristeza vira facilmente um caloroso abraço. Obrigado.
sexta-feira, 19 de março de 2021
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
-
no continente: um shampoo fructis anti-caspa, meia dúzia de víveres e o lord of war por 1,89€. * [ps (mais bizarro ainda): na compra de 2 ...
-
Dia Normal : acordas, vais para o trabalho, trabalhas, almoças, trabalhas, vais para casa, jantas e adormeces. Dia Michael Bay : acordas, va...
-
We can live like Jack and Sally if we want Where you can always find me And we'll have Halloween on Christmas And in the night, we'l...
Sem comentários:
Enviar um comentário