Sean Astin foi muitas coisas mas nunca deixou de ser um Goonie. Vê-lo a passar esse testemunho, dum mapa pirata para um mapa subterrâneo tem tanto de nostálgico como de verdadeiro. Os novos putos são afinal reais. Estranha coisa, esta de tamanho hype sincero, volto a espreitar debaixo da cama, armário, olho lá para fora, mas é, é de facto: a segunda temporada de Stranger Things é de novo um feito. Um incrível e disciplinado tomo de fantasia. Uma lição. No seu todo, não se deixa deslumbrar com as armadilhas de mais e melhor, mais e maior, que afligem as nossas vidas cgizadas. Não, flui na ameaça apresentada no primeiro, acrescenta, amplifica mas sempre dentro daquela cidade, daquele conjunto de personagens. Mesmo as adições sabem qual o seu lugar, deixando em aberto possíveis ganchos para o futuro, como o casal de "irmãos". No individual não esquece nunca o humor, os laços e a saudade. A mitologia, certo, certo, referências disto e daquilo, mas já lá, já no seu próprio universo, do taco, do demogorgon, da Eleven, tudo isso deixou de ser estranho e passou a ser deles. Entranhou-se. Encaixou-se numa das segundas temporadas mais orgânicas e coerentes de que me lembro. Sim eu sei, o episódio 7 e tantas outros enchidos. Faz parte do seu próprio charme, do ser humano, perdendo-se rapidamente se pensarmos na conclusão maior: aquele barco com o tesouro virou e é hoje um mundo invertido.
terça-feira, 31 de outubro de 2017
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
Mais problemas no universo Chocolate
O realizador de Roux: A Chocolat Story, foi despedido, supostamente por divergências criativas com a produtora. Para quem não sabe - e esteve enterrado nos últimos meses - este spin-off é uma prequela do primeiro Chocolate e conta as origens da personagem originalmente interpretada por Johnny Depp. O filme pretende abordar as suas aventuras enquanto jovem a bordo daquela barca cigana. Não é a primeira vez que a Disney tem problemas com as suas escolhas, Chocolat Episode 3: A new candy perdeu Damien Chazelle na pós-produção tendo sido chamado o Bill Condon de emergência.
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
Sozinhos em casa
Se acham que o novo Oikos com castanha não combina, não se aflijam, para além de não falar mais disso trago uma sessão dupla que parece uma. De tão certa, irresistível e irrepetível. E nisso temos de dar o braço a torcer ao Senhor Joaquim que mais uma vez dinamiza estes lançamentos com a cabeça de um grande estratega e o coração de um festivaleiro. Better Watch Out, primeiro, pois já andava de olho nele. Uma descabelada e descontrolada noite de natal, assente na premissa de uma invasão doméstica. Mais não digo porque a seguir vem The Babysitter, e sim aconteceu: gosto de um filme do McG. Ah e os Anjos de Charlie? Ah e o Terminator 4? Perguntam vocês. Estou a gozar ninguém pergunta isso. Aqui a lógica é idêntica e porque já passa da hora, podemos seguir para o que une de forma tão orgânica estas duas malhas:
- ausência de regras. É um "mas que raios?" ou "ai que maravilha" constantes, como se fôssemos nós a editar ou tivéssemos nós pedido aquele atrevimento. Especialmente o filme do McG, com títulos, músicas e tralha sci-fi, sim sim sim;;
- a babysitter, figura um pouco esquecida no terror recente, ou no meu terror recente - para não ser linchado com uma lista de 30 filmes de terror eslovaco do ano passado só com babysitters;
- tripas, e afins. Apesar deste ser um género muito pouco maricas - não é como aqueles filmes de guerra para maiores de 12 - é sempre revigorante uma chuveirada de sangue;
- nenhum tem mais de uma hora e meia. Na mouche;
- podem substituir o Sozinho em Casa num futuro distante e utópico;
- o puto, a figura mais interessante de ambos pois ambos são um despertar, de um modo quase antagónico e inverso. Aquela série de acontecimentos acorda duas figuras incríveis representadas por duas valentes promessas.
Mais não se pode aqui dizer, é para ver, em parelha, em conchinha e depois voltar para rirmos e debatermos todos muito. Pode ser?
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
De quarto em quarto sem nunca ir lá fora
Está na hora. Depois do mais belo dos inícios, das metades e dos finais, precisamos de desmoronar. Para voltar a montar, encontrar um novelo, uma existência. Existe de facto um quarto, uma unidade no meio de todos os resquícios. Gostava de discutir convosco, hoje ou em qualquer outro dia, o porquê de tamanha maravilha. Por enquanto, deixo a minha lista, a minha ordem, para eu próprio ficar em sentido. Do pior para o melhor.
12 - The Knockadoo (Ep. 3)
11 - The Missionaries (Ep. 7)
10 - I Knew You Weren´t Dead (Ep. 4)
9 - Ralphie (Ep. 1)
8 - Boris (Ep. 9)
7 - Phoenix (Ep. 8)
6 - My Love (Ep. 12)
5 - Pizza Boy (Ep. 2)
4 - The Fight (Ep. 11)
3 - Red Tent (Ep. 10)
2 - Voyeurs (Ep. 6)
1 - The Internet (Ep.5)
terça-feira, 17 de outubro de 2017
Cinema Notebook 2054
O Cinema Notebook fez treze anos. Treze anos de histórias mas acima de tudo, treze anos de uma história, que se quer viva, que se quer de hoje para levar amanhã. A história da blogosfera nacional. Que é de todos, que é minha. E apontando a lente ao meu umbigo, se não fosse ele, o Créditos Finais não seria. Existiria, mas com outras ligações, novas enzimas.
O Carlos, para além da certeza, sempre foi o entusiasmo, a locomotiva da frente que nos relembra os motivos de tão fortes buzinas. A vontade de criar - iniciativas, conteúdos, encontros - acreditar e acima de tudo unificar: manter e celebrar um grupo de malta que ano após ano escrevem e discutem cinema. Como na mesa de bar, na única mesa de bar. E como canta a Clarice Falcão, se esse bar fechar, eu fico só.
É vital preservar, não só as antigas canções mas também os novos versos. Obrigado companheiro pelo eterno esforço e constante inspiração.
É vital preservar, não só as antigas canções mas também os novos versos. Obrigado companheiro pelo eterno esforço e constante inspiração.
Para a próxima avisem
Eu até gosto de vocês, mas há coisas que por favor. Sem querer acusar ninguém diretamente, porque é que ainda não me tinham contado que o Can´t Buy Me Love - a melhor comédia romântica de sempre - tem um remake de 2003 intitulado Love Don't Cost a Thing? Com o cavalheiro do Drumline e uma jovem com as mamas quase à mostra. Fui ver o final no YouTube e ia tendo um ataque de asma. Triste, pela falta de respeito, triste por não ter sido devidamente preparado e avisado.
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
Mói
Este filme tem o zombie mais chato da história dos zombies. E é que tais figuras penadas já são, por si só, chatas. Larga larga, deixa-me da mão. Só que este, tu pensas finalmente que o moço desistiu ou ficou a comer um qualquer carnívoro do deserto, mas não, passito a passito, manquito a manquito, lá vem ele. A marcar o ritmo de um filme que perde nas interpretações mas que ganha na forma inventiva com que constrói a sua protagonista. Todos os reflexos e medos reflectidos naquele corpo morto, o fantasma de todos os fantasmas. Para no final virar o bico ao prego e renascer das cinzas. Venha o dois.
sábado, 7 de outubro de 2017
A memória de todos deu o sonho de alguns
No segundo episódio de Philip K. Dick's Electric Dreams, uma senhora em fim de vida contrata uma empresa de turismo espacial para conhecer a antiga Terra. Num futuro bem longe, onde vivemos mais de 300 anos e onde esta bola azul não passa de uma história. Tudo no grande espaço mas tudo construído e confinado na pequena nave. Com três ou quatro atores em cena e a peça resulta. Estas restrições, televisivas e orçamentais, levam ao confinamento e clausura das histórias, obrigando os agentes criativos a procurar novas soluções. Mas em última instância, todas estas circunstâncias resultam numa clara aproximação às personagens, à mensagem.
Blade Runner 2049 espalha-se ao comprido nesta tarefa. Propõe uma história que se quer labiríntica, entre vielas e becos, quartos e salas. É isso que nos apresentam com o incrível início e todos os pressupostos, todas as regras do novo jogo. Até ao jantar. Aquele admirável mundo. Só que depois abre a lente para os grandes planos, para os aéreos e nevoeiros, e a estética passa a mandar. A marcar o ritmo, em detrimento de tudo o resto, dando à luz um enorme vazio. Tudo é bonito, mas tudo é bacoco. Por exemplo, em Valerian, as imagens e delícias daquela estação, estavam povoadas, estavam cheias, viviam. Aqui não. Faltam nomes, faltam interações, tropeções para se poder justificar tamanho empreendimento.
[SPOILERS] E sim, toda esta passadeira vermelha do olho cheio faz com que o argumento coxeie, mas sejamos sinceros, ele já nasceu torto. Os diálogos são pobres, pouco esculpidos e trabalhados. O peso do nome e suas obrigações, acorrenta a ação a um Harrison Ford cansado, a um passado que poderia existir mas que não tinha necessariamente de voltar. A relação entre Gosling e Ana de Armas, as motivações de Jared Leto, são importantes arcos que simplesmente se perdem na maré. E estava aí a força e o centro. Não num suposto híbrido, que é a massa mais batida nesta e noutras andanças: lobisomens que se cruzam com vampiros, o proibido, a salvação. Mas é impossível! Oh meu deus! E há momentos que parecem ter sido escritos num guardanapo depois de um double cheeseburguer, como o momento em que Luv vai à esquadra, tranquila, mata a chefe e depois vai embora. Mas que bófia mais banana é esta? Não está lá ninguém? Aquilo é uma esquadra ou um escritório de advogados? Ninguém prende ninguém? A tempos parece um filme feito por miúdos. A tempos também regressa, quando conhecemos a rebelião, quando percebemos que a memória de um pode ser o sonho de todos, mas fica pouco para agarrar. Pouco para discutir e pensar. E no fundo era só isso que eu queria.
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
Vá lá
Esqueci-me de vos dizer que já vi o novo Piratas. E até gostei: a Geena Davis tem uma boa química com o Matthew Modine e o Frank Langella é um vilão muito competente. Não percebo tanta crítica, tanta, que às tantas já é implicância.
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