O núcleo, aquela órbita tio-sobrinho, existe de facto, e consegue, a espaços criar impacto: como a cena do congelador ou quando Casey Affleck diz que simplesmente não consegue vencer. Não consegue passar por cima, por muito que reste. Pois são os restos que aqui vemos e este dois emprestam duas interpretações sóbrias, contidas, que trabalham muito bem juntas. O problema é que Manchester by the Sea não chega cá. Demasiado asséptico. Não desconcerta nem atinge, muito pela necessidade de justificar os vazios, de carregar a duração com ações a mais: temos de ter flashback X que justifica dor de cabeça Y ou temos de o ver a ir com o carro, a voltar com o carro, a ir com o carro novamente. Falta autonomia, cinismo e espaço. Um pouco de Alexander Payne. Falta deixarem-nos chegar à personagem, sentar e quem sabe, ver o mar com ela.
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