quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Nas sombras da magricela

Obrigatório o título meio camuflado. Nós, os que não gostámos de Jessica Jones, temos de viver assim, nas sombras. Falar por código, desabafar por signos. Opressão soberana que não nos deixa sequer soluçar. Daí esta carta, a ver se passa, se nenhum chefão ou chefona dá por isto e me enfia um sermão de chibata costas a cima. E eu, que até tenho uma divisão por pontos, não só aquele desdém nojentinho. Eu explico mesmo porque é que está aqui um dos maiores barretes da última década.

1. Embalagem. Veio na mesma embalagem, ou embalada como algo muito idêntico a uma série do caraças, que é Daredevil. De uma cadeia que anda de pau feito sem medo de ninguém, Netflix. Foi um já ganhou sem ter ganho nada. Mas passemos aos factos.

2. Ciclicidade da história. É sempre a mesma merda: a Jessica está bêbada e triste, corre atrás do Killgrave, bebe mais e fica mais triste, apanha o Killgrave, o Killgrave foge numa sequência idiota, ela fica bêbada e triste, vai atrás do Killgrave, apanha o Killgrave, o Killgrave foge numa sequência idiota. Isto, em 13 episódios, isto, que devia ter sido testado uma vez e evoluído. Nada.

3. Ritmo lentinho lentinho. A série arrasta-se, não só devido ao ponto anterior, mas também porque não se mexe. Não agarra, não cola, não enche o olho com sequências exaustas de batatada, perseguições, cliffhangers. Estarmos sempre com o credo e não o bocejo na boca.

4. Interpretações Santa Bárbara. É mesmo de bradar à padroeira dos mineiros. Mas quem é que foi o infeliz que escolheu este casting? Tirando o vilão, o resto é absolutamente inenarrável para um produto deste nível. A protagonista com o seu narizinho torto é a ausência daquilo que supostamente tem a mais: a força. Zero, nem carisma, nem jeito. Lá se arrasta, em diálogos ridículos e forçados - tenho de ir presa, vou à net ver como é uma prisão, é isso vou mesmo presa - ladeada por o porteiro de discoteca mais sensaborão do mês, a amiga mais sonsinha e a chefe com a história mais inútil do universo das histórias inúteis. Pensar que daqui, desta seleção refinada, vão sair mais spin-offs faz com que o meu estômago dance o tango, sem dó.

É mau amigos. É mau.

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