Rádio, começo de tarde. Uma locutora diz para a outra que está muito contente por Bradley Cooper ter sido nomeado. A outra ri-se, partilhando a opinião e acrescentando que ele é muito bom actor. Não é. É sim o problema dos Óscares, do actual: a felicidade de uma consagração porque ele é giro, ou porque tem pinta, ou porque fez umas comédias engraçadas onde homens acordam vomitados e sem dentes. Há um limite; podia pôr todos os narizes, todas as bases, todas as massas, que nunca na vida se levantaria a questão de Cooper estar no mesmo parágrafo que Daniel Day-Lewis. Quem diz Cooper diz Jackman. Perderam-se os critérios da arte, do papel único, impossível que ali está para ser celebrado. As espécies misturaram-se e o reino animal perdeu a ordem. É o fim da macacada.
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7 comentários:
Mais do que isso, é atirar um osso ao cão porque ele nos últimos tempos fez vários truques que deram muito dinheiro ao dono. É uma forma da indústria o recompensar por levar muitas miúdas às salas. Qual talento qual quê? Estes são os prémios do dinheiro. Não estivéssemos a falar dos U.S. of A. Basta olhar para os 9 nomeados para perceber a falta de qualidade gritante dos premiados. E são 9 agora, porque apenas 5 deixava gente que não convém ofender de fora...
Se fossem os prémios únicamente do dinheiro teriamos o batman e o spiderman entre outros a dominar as nomeações. Estas nomeações estão inclusivé a causar polémica por ter deixado de fora as escolhas que à partida seriam óbvias como kathryn bigelow, ben affleck, tom hooper ou mesmo quentin tarantino. Isto para que a academia possa recohecer projectos mais independentes como Beasts of the Southern Wild, Amour e Silver linings playbook. São grandes filmes e Bradley Cooper foi a grande revelação e merece com todo o mérito estar na mesma categoria que Daniel Day Lewis. A ideia que alguém (julga que) sabe quais são os critérios da arte, revela sim que a macacada do pretensiosismo está longe do fim.
O problema é a cerimónia não ser unicamente de nada e todos os critérios estarem misturados. "Avatar" esteve nomeado em 2010, por exemplo. Quanto às escolhas óbvias ficam de fora porque a categoria de realização só tem cinco lugares. Já a de melhor filme, que não tem ordem, preenche todos esses seus esquecidos. São as festinhas do costume. Quanto a Bradley Cooper não há como argumentar ou discutir. É daqueles casos típicos do rosto bonito que se destaca, ganha e depois segue à vida dele. Com as comédias e pipocas até ao resto da vida. Não se trata de pretensionismo, é a minha opinião, os meus critérios, expressos em minha casa.
Cumprimentos
arriscando a humilhação, eu gostei dele no limitless.
Rui, quando disse que são os prémios do dinheiro não me referia apenas ao box office, referia-me aos milhões gastos em campanha por quem quer ser nomeado. O Harvey Weinstein gasta milhões todos os anos em campanha para que os seus "indie" (que de indie não têm nada uma vez que a TWC é um suposto estúdio independente mas é já um gigante maior que muitos outros estúdios, e na maior parte das vezes injecta dinheiro nesses filmes mesmo antes de adquirir os direitos) sejam nomeados. E ano após ano a maioria dos nomeados são dele. Entrevistas compradas nas maiores revistas, publicidade "for your consideration" a rodos para casa dos críticos e membros da academia, presentinhos para encher os bolsos de quem vota...tudo vale. A seriedade de uns prémios que funcionam assim tem que ser posta em causa por qualquer pessoa com bom senso.
Depois um estúdio que vê que uma cara bonita que fica bem em qualquer cartaz pode ganhar um oscar vai obviamente investir mais nessa campanha do que na de alguém como o John Hawkes, por exemplo, que nunca será um protagonista ou galã. Ter "Oscar winner" or "Oscar nominated" Bradley Cooper no trailer e no cartaz de futuros blockbusters fica bem...
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