Não creio que ele esteja cansado. Muito menos preguiçoso. Acho sim que ele acorda todos os dias com todas as ideias do mundo, a quererem fugir, para todos os cantos da rosa dos ventos. Flui e como flui assim ele as molda, que nem escultor suado para que nada escape. Claro que tal amontoado de pedra nem sempre dá escultura uniforme, concisa e certinha. Woody Allen é constantemente traído pela extensão do seu imaginário, daí o gráfico que sobe e desce. Agora, mesmo quando desce, caso do seu mais recente To Rome with Love inferior a Midnight in Paris, permanecemos no campo mais estimulante do cinema americano. Constantemente a quebrar as barreiras da tela, as regras narrativas, os limites do absurdo, e de repente estamos a falar com uma versão futura de nós próprios ou a tomar um duche enquanto cantamos ópera, na ópera. É um poema, feito não só da memória mas também da sátira, do que passou e do que vem. Uma actualidade clássica que só ele detém.
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