sexta-feira, 4 de novembro de 2011

É deixar ir

Muitos dos cépticos dizem: J.J. Abrams não é Spielberg. Certo, não é. Mas o que significa esta sentença quando o próprio Spielberg já não é Spielberg?

Quando a bicicleta de E.T, já não é mais que uma gigantesca máquina oleada de pipocas e sumos. São colecções de desgostos, e depois de Indiana, Tintin, para bradar aos céus ou gritar: o raio que o parta! É uma aventura gulosa, para encher o olho, que rapidamente se esgota nos malabarismos de uma técnica falhada. Pode fornecer alguns flip-flops interessantes de câmara mas até isso se torna rapidamente enjoativo. Artificial, não só pela falta de carne, mas pela ausência de alma, de corpo, de personagens que nos bebam os sorrisos - Haddock bem se esforça, coitado - e nos façam pulsar de emoção. Nada.

E é aqui que entra o puto, o aprendiz. Star Trek foi uma ficção das antigas, com um daqueles inícios que já ninguém faz. Pois bem Super 8, é de novo um regresso, uma aventura saudosista, a trazer com todo o respeito a inocência há muito enterrada. Voltam os miúdos, voltam as biclas. É um filme caseiro, é um amor de Verão. São as nossas memórias dos pequenos cinemas, dos pequenos grandes filmes, quando os sacanas ainda nos arrancavam suspiros. Ai. Ai. No fim sabemos que já não volta - como ele, largamos o colar - mas durante 112 minutos, epá, fomos felizes.

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