quinta-feira, 1 de maio de 2008

Foi engraçado encontrar a paz num filme de guerra

Vinha no caminho a pensar em meia dúzia de palavras. Em conceitos que aqui montados vos dessem uma ideia de paz. A solidão de uma viagem cansada tem destas coisas, vemos sozinhos outros sítios, vemos tanta coisa que nunca vemos a estrada. Cheguei a duas ou três composições, repeti-as com as manias e tiques de uma condução acertada, soavam a enjoo. Queria mostrar o segundo antes de um final, a imobilidade antes de uma tempestade, a serenidade antes da queda. Gosto desse instante, e só me saíam poemas quadrados com quadras pobres, sem milho nem trigo para alimentar o mais faminto dos leitores. Queria cortar aquela fatia de tempo onde poderia viver o resto, o que ainda tenho e o que ainda vem, queria mas só caíam contos desajeitados onde o casal morre, onde saiem todos destroçados. Até que cheguei. A casa e ao mar. Não tenho as letras desta cena, mas tenho um soldado que decide ser apenas homem e mergulha na calma azul do sossego, onde os corpos deslizam lentamente e uma canção flutua ao ritmo de cada vontade.

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