sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Síndrome de Stendhal


Não me lembro de muitas vezes ter saído da sala do cinema assim. Algures entre o extasiado, exausto, absorvido e completamente de rastos com o que acabava de ver. Há filmes assim. O recente Into the Wild, apenas a título de exemplo, superou todas as minhas (altíssimas) expectativas e teve um efeito semelhante. Mas neste caso não foi a história, que até é boa, nem o filme, que até é muito bom.

A interpretação do Daniel Day-Lewis é que me deixou completamente rendido. Da surpreendente primeira até à última épica cena. O que Daniel Day-Lewis faz em There Will Be Blood a poucos vi fazer. Uma das interpretações mais sublimes e arrebatadoras que já vi. A roçar a perfeição.

Recorro à memória e assim de repente são poucas as interpretações que tenham tido em mim o mesmo efeito. Robert de Niro em Raging Bull, Edward Norton na América Proibida, Al Pacino no Perfume de Mulher, Dustin Hoffman no Kramer vs Kramer e o mestre Marlon Brando no Apocalipse Now.

Interpretação daquelas que elevam a arte da representação a um nível de excelência. No caso de There Will Be Blood, e longe de mim menosprezar a grandeza do Paul Thomas Anderson e a afirmação do puto que não fala no Little Miss Sunshine, Daniel Day-Lewis fá-lo sozinho. A força da história e a mestria da realização estão lá, é mais do que certo. Mas está também a sensação de que o Daniel Day-Lewis não precisaria delas. É uma interpretação gigante. Maior do que o filme e maior do que o público.


A questão não é se o Daniel Day-Lewis deve ter o Óscar.
O Óscar é que devia ter um Daniel Day-Lewis.

3 comentários:

Miguel Santos disse...

Pronto, graças a essa última frase este filme passou para o topo das minhas prioridades cinematográficas.
Terei de o ver ASAP.
Parabéns pelo blog!

João Bizarro disse...

Também sai assim da sala. Grande filmaço.

Unknown disse...

Só hoje é que "conheci" o blog, muitos parabéns! Eu não diria melhor em relação ao Daniel Day-Lewis.
Ana C