sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Ep.17 - Dangerous Liaisons/Valmont


Miguel descobre um pedido de ajuda de António, numa velhinha máquina de arcada. De um momento para o outro dá por si dentro de um servidor informático, mas em vez de estar vestido com aqueles fatos fluorescentes e discos de jogar na praia, está com as roupas da corte francesa do século XVIII. Lá, encontra o seu companheiro de podcast e a única maneira de conseguirem sair com vida é chegarem a um consenso sobre qual é a melhor adaptação de Les Liaisons Dangereuses. Sedução, saudosismo e quiçá os melhores de 2025 numa inesperada cena escondida.

Episódio disponível aqui.

Baumbecos

Há um momento em que estão todos a regressar do almoço, a pé, naquele campo toscano, e Jay Kelly está sozinho. Vem sozinho, enquanto à frente e atrás vemos conversas ou parelhas. Esse momento, lá ao longe, é mais certeiro e simbólico que todos as outras conversas que nos tentam vender no resto do filme. Propositado ou não - na sua raíz meta - soa tudo a ensaiado, forçado, deixando pouco espaço para as personagens realmente colidirem. Tenho saudades do Baumbach da década passada, onde os diálogos se sobrepunham sem autorização, onde as histórias eram quotidianas, estranhas. E verdadeiras.

Pergunta: Qual das cenas num comboio em que alguém conhecido fala com os passageiros, acham mais ridícula, esta ou a do Darkest Hour?

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Pendentes

Ando com este texto há vários meses, nas esperas, nas calçadas, nas garfadas. Até no trânsito, a gotejar enquanto o da frente avança mais um metro. Lembrete para não deixar passar três séries que de alguma forma me salvaram. Uma e outra vez quando a nossa boa vontade é obliterada por dinossauros mutantes e embalagens de Snickers.

do caos

The Bear, e o seu quarto prato. Com o domínio completo da sua orquestra e de quem são os seus, a série atira-se numa edição tesoura de podar, quotidiana, de saltos e contrassaltos. Sem transições ou agendas, todos a cuspir diálogo, de um sítio para outro. Com o coração ao alto - ou debaixo de uma mesa - Carmy, Syd e Richie têm a sua rendição - porque nunca sara realmente - num final mestre, de fade to black, cena sim cena não, enclausurados num desabafo. Nunca pára de surpreender.

da criatividade

Lego Masters: Australia, teve este ano a sua edição Grand Masters of the Galaxy. Série, que nos seus títulos e dinâmicas, parece idêntica aos bolos, às espadas, aos aquários. Mas não, há um regresso à unidade, à imaginação sem aditivos: diferentes pares de construtores são desafiados semanalmente a construir algo. Uma página em branco, uma dúzia de horas e milhares de peças de lego, formas e feitios. Um tema. O resto é o que quiserem, como quiserem, sem dramas nem novelas. E esta oferenda única ao processo de criação - com muito de cinemático - deixa-me sempre a correr por mais.

da amizade


Cobra Kai chegou ao fim no início deste ano, com a parte 3 da sua sexta temporada. Já vi esse trailer dezenas de vezes, vou agora ver de novo, por falar nisso. [Pausa para ver o trailer de novo] Continua bom, sempre a arrepiar. Vamos mostrar a esta malta como se fazem as coisas aqui no vale. E mostraram, não só à vilanagem, mas a todas as outras sagas de que é possível respeitar e saber crescer com as figuras de outrora. Não há Caça Fantasmas séniores assentes em deixas ocas. Há segundas oportunidades, caminhos que nem sempre são óbvios e um grupo de personagens cheio de coração. Pode ser meio ingénuo e novelesco a tempos, mas esta malta estabeleceu um laço único. Daqueles que deixa buraco. Sai o trailer mais uma vez.