segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Top 2016 - nem tudo foi mau

1) Melhor gaivota - Steven Seagull em The Shallows


2) Melhor crocodilo - crocodilo que come o mau em The Legend of Tarzan


3) Melhor polvo sem ser à lagareiro - o polvo de Finding Dory


4) Melhor puma num motel - puma num motel em The Neon Demon


5) Melhor pantera negra sem látex - Bagheera em The Jungle Book


6) Melhor pantera com látex - trailer de Black Panther em Captain America: Civil War


7) Melhor "malha a chavala chaval!" - Vision a engatar a Scarlet Witch falando de paprika em Captain America: Civil War


8) Melhores mamas esborrachadas - Olivia Munn em X-Men: Apocalypse


9) Melhor tudo contra à parede - Morena Baccarin em Deadpool


10) Melhor plano da história do cinema - Wonder Woman de perna aberta em Batman v Superman: Dawn of Justice


11) Melhor barril - barril de 10 Cloverfield Lane


12) Melhor Chucky - The Boy


13) Melhor poça de água - poça de água mágica onde o Eisenberg desaparece em Now You See Me 2


14) Melhor Intercidades - comboio de Train to Busan


15) Melhor autocarro escolar que não é do Homem-Aranha - autocarro no deserto em Independence Day: Resurgence



quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O sexto movimento

O mais estimulante, neste pós coito, é que até quem não gostou nada, consegue escrever coesos e interessantes lençóis. Texto e texto, ponto por ponto, a justificar o que não agarrou. Na tentativa de explicar, de classificar, de regrar. Comparam com esta e aquela. Não vale a pena, The OA é peça única, para o bem para o mal. E nisso há uma sinceridade quase poética, como se andássemos nus e não ouvíssemos ninguém, sem medo: ou estamos com ela ou não estamos. Sem meios termos, um pedido de fé. Uma conclusão tão orgânica e pessoal que apenas vivendo. Brit Marling e Zal Batmanglij voltam a contar-nos uma história, e acreditar nela foi uma das grandes experiências do ano.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Eu gosto de ti à mesma Mendelsohn


Girl you see me smiling
Girl i'm singing words of joy to the world
Between the lines it's hidden in the smile
Can't you hear a cry for love


Este refrão do Fonseca é, com todas as suas letras, luva para Rogue One. Gareth Edwards, preso dentro de sorrisos, explosões e formatações. Lá dentro, da apertada máquina que limita, corta e censura. E o que mais custa, é que nas entrelinhas conseguimos de facto ouvir o apelo. O filme a querer sair, a querer ganhar forma e a existir perante nós, para ser abraçado e vivido. É penoso. Amargo porque está ali escondida uma obra do caraças, com um ambiente e cenografia maravilhosos e um tom unidireccional, negro e suicida, que nunca antes se tinha provado. Tudo por terra, às mãos de uma retrosaria filha da puta que só se interessa pelo preço do frame a metro. O casting é francamente mau, não, não e não. Em 2016 não se pode de todo escolher aquele par de jarras novelesco e amador para uma história que pede maturidade e negrume. Mas mesmo assim, se houvesse o mínimo de espaço para se respirar, para o filme se construir construindo os seus - antes, durante, depois - explorando as suas motivações e colocando-as em xeque, aí tudo seria diferente. Nunca chegamos a perceber o porquê de nada, o real, o tal real que permite a formação de laços. Não é de todo normal, a personagem que mais saudades deixa ser um robô. Demasiado plano, insípido e maquinal, ou como diz a canção words of joy to the world

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Passar no Processo

Primeiro anunciar, aos cabeças no ar, que foi renovada. Sim vão lá trocar de cuecas que eu espero. Pronto, não há que ter medo, quem viu que relaxe e quem não viu pode ver, relaxado. 3% não é uma série isenta de lugares comuns ou falhas, mas é uma série que abre o casaco e dá o peito, que se aventura nos tons garridos da distopia. Do fim do mundo, daquele fim de mundo, daquele reflexo que só poderia e só seria ali. Brasil, esta é uma série brasileira - Netflix se eu te apanho na rua dou-te um beijinho - dali, para o mundo, não qualquer boteco genérico da condição humana (como The Hunger Games). Também estuda e experimenta, mas com a rápida e voraz identidade assim criada, com poucos minutos, na subida, discurso e início das provas. Maravilhosa a das alavancas, maravilhosa a Bianca Comparato. Sempre na dúvida da escolha, ao limite. Como nós, constantes candidatos a um prometido, mas não elucidativo, Maralto

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Portento

Mistress America acorda de novo um estilo aflitivo - e maravilhoso - de se filmar. Caos, caos em todo o lado, todos a falar por cima de todos. De assustador a viciante, porque são raras as vezes que nos reconhecemos, tão desordenados. Quero lá saber se havia uma lógica na tua história, eu quero é contar a minha, depois voltas, ou não, então um terceiro elemento entra em cena com novo choro. Lembrei-me de Seinfeld, nos seus nadas flutuantes e nos desesperos sobrepostos. Um Baumbach feliz, e felizmente cheio de vida. 

domingo, 11 de dezembro de 2016

A sorte é que só tem 90 minutos

Então já que o bowling está fechado e se fossemos fazer um filme? Deve ter sido assim que surgiu a ideia de Morgan, o thriller sci-fi mais horrível, ridículo e inacreditável deste ano. Pasmado porque tem a cachopa do The Witch, a Kate Mara e mais uns quantos notáveis, numa premissa que não sendo nova poderia chegar a algum lado. Mas não, cada um deu dez euros, foram filmar na Serra de São Mamede e tudo o que poderia correr bem correu mal. Trapalhada do início ao fim, sem causa, pancada a passo, do género agora dou eu, agora dás tu, e o twist mais, mais, nem sei que diga do twist. Festinhas na cabeça, já passou, já passou.

Sempre a dar cartas

Uma coisa boa, nestes mares selvagens da pirataria, ou, se as virgens preferirem, nestes mares indomáveis da rede, é que há sempre novo porto a descobrir. Por muito que se navegue, se ouça e se troque, um filme do caraças, perdido nas prateleiras do tempo, aguarda ali. À nossa espera. Para que do alto da nossa pretensão, consigamos perceber que somos como o Jon Snow, e nada sabemos. Tanta trela para dizer que descobri um filme porreiro do Clive Owen com 10 anos. De jogo e crime. Literatura e personagem. Bem narrado e bem montado. Chama-se Croupier

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

A nossa última narrativa

Westworld teve alguns problemas no motor de arranque. Não com o seu, mas com o público/crítica em geral. Mais crítica. Que enquanto a Teta dos Tronos não secar nada pode imperar. E isto é de facto real, pois o único pecado desta adaptação arrojada do filme de 1973 é ser cento e cinquenta vezes superior à adaptação dos livros do George R. Martin. Para quê comparar, infantilidades Ronaldo/Messi, porque não posso gostar dos dois? Não dá amigos, o papá é o mesmo. Mas, testas à parte, esta primeira temporada foi a viagem cerebral e visceral que prometia, tendo a benesse de vir embrulhada num pacote 5 estrelas, primeira classe, bem acima de todas as possibilidades. O que torna a coisa no casamento perfeito de qualquer doidinho de Galacticas e Blade Runners, ou saudoso apenas de uma boa história. Chega a ser quase ofensivo, para a estrutura televisiva contemporânea, ter um produto tão caro que se responde e se encerra de forma tão vincada, tão bonita, tão eficaz. Tão modesta. Aquela festa final, aquela última narrativa é o próprio Westworld a mandar o sistema à merda, a massacrá-lo, a brincar com ele e a dizer: podemos, devemos e conseguimos. Não preciso cá de segundas núpcias para tirar conclusões ou satisfações. Visitante mais que satisfeito. Ou serei já anfitrião?

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Ricky Baker

Hunt for the Wilderpeople, ansioso por vocês malta da tradução. Não nos desiludam. Vocês, malta da bola, enquanto esperam, vejam, e vejam muito. Uma relíquia das terras do tio Frodo, de Taika Waititi, com aquele tom seco e despachado, surreal no contraste do humano e do natural, do pequeno e do enorme. Um buddy movie, um filme de família, uma comédia, um drama, uma malha de ação. Romance porque não. Faz lembrar, mas acima de tudo surpreende: não só pela facilidade com que entretém, mas também pelas interpretações sinceras e magníficas do duo de protagonista. Especialmente o miúdo, que é o puto do ano. Sacana.

A criada e o excel

O filme deve ser excelente mas a questão aqui é outra

O olho esquerdo do gajo, não está um bocado mais para cima que o olho direito? 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Improvisar

Don´t Think Twice é o filme mais sincero do meu ano. Sincero porque regressamos sempre ao palco, ao palco do inevitável, do que não podemos deixar e que no final será a nossa definição de nós. Paixões, o grupo lá se vai perdendo, mas volta e meia volta ao improviso. Encara a audiência de frente, e pergunta. Sincero também, porque não necessita de grandes artefactos cómicos para rir da maior tragédia de todas. E sim, sincero porque o casal se despedaça na vida. Não é por isto, ou por aquilo, ou então por essas todas razões, é porque há a vida, cheias de organismos distintos, diferentes de sonhos e alegrias. Tudo à nossa frente, ao nosso lado. Obrigado e as palmas mais verdadeiras destas duas mãos.

Sofia, a múmia

Já nem me lembrava que ia haver uma nova Múmia, são tantas novas cenas dos meus 16 anos que acabamos por abdicar de umas em prol de outras. Naquele apertado armazém do que achamos catita lembrar. O tom é o certo, Tom Cruise e malta daquela linha Jack Reacher. Era o que lhe faltava ultimamente, fantasias descaradas. Mas o que eu quero mesmo dizer é que a Sofia Boutella, com esta adição ganha, sem sombra de concorrência, o estatuto de rainha do fanti-scifi. E saem corações a borbulhar.