domingo, 28 de dezembro de 2008

Button your eyes

Coraline não só nos dá a possibilidade de escrever o nosso nome com os seus posters como também nos permite espetar botões nos nossos doces olhos. Basta irem aqui, entrarem na casa cor de rosa e escolherem The Other Mother´s Workshop. Depois seleccionam a foto, adquirem os vossos botões de eleição e colam-nos na vista. Sádico, original e muito, mas muito, irressístível.

Os cantos da mente

Estão aqui as primeiras imagens de Cold Souls, comédia negra que conta a história de um actor (Giamatti a fazer dele próprio) que, durante uma crise existencial, decide tentar uma extração de alma para aliviar os problemas do dia-a-dia. Escrito e realizado pela estreante Sophie Barthes, tem todos os ingredientes que agradam aqui à casa: um excelente protagonista, um óptimo leque de secundários e um argumento que nos leva inevitavelmente para as melhores excentricidades dos últimos anos (Despertar da Mente, Quem Quer Ser John Malkovich). Tem estreia agendada para o Festival de Sundance 2009.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sugestão

Pondo de parte a ideia disparatada das televisões darem bons filmes, sugiro que nesta quadra em vez de passarem os mesmos maus filmes, passem outros filmes, igualmente maus. Existem tantos. Por exemplo em vez do Sozinho em Casa, dêm o Agarrem esse Bébé!É também intragável e ao menos a criança não fala! É que assim sempre íamos variando o som de fundo.

Em sentido contrário

Lembram-se de eu ter dito para virarem à direita e verem o Pineapple Express? Pois bem, esqueçam tudo o que vos disse e virem à esquerda. Apesar da divertida interpretação de James Franco, tudo o resto é frouxo e sem qualquer tipo de construção lógica que nos leve a lado algum. Há tempos comparei este filme a Nothing to Lose, pela aparente parecença a nível da história, mas de parecido fica só mesmo esse post. A comédia de Tim Robbins, por detrás da inconsequente e inocente linha de argumento tinha uma base sólida formada por personagens cheios de vida, com ideias do real e do sincero. Este recente devaneio não, todos são caricaturas, sem corpo nem fundo e para ser sincero, são bonecos que já começam a saturar: quantas vezes mais vamos ter de gramar com o tipo descomprometido que fuma ganzas? E depois calha sempre aos mesmos, Seth Rogen no seu papel de barbudo irresponsável com a moca já me começa a fazer alguma comichão. Dou-lhe mais uma oportunidade, Zack and Miri Make a Porno, e depois, se for mais do mesmo, sigo em frente.



Esta síndrome da repetição aplica-se também a Will Ferrell. Gosto bastante de alguns filmes dele e já me ri valentemente com algumas das suas personagens, mas o sentimento de déjà vu está cada vez mais presente. Não foge aquelas linhas traçadas no chão, com excepção do brilhante Stranger Than Fiction. O seu próximo filme chama-se Land of the Lost e as expectativas cá da casa são altíssimas. Baseado numa série de televisão dos anos 70 com o mesmo nome, conta a história de uma incrível viagem para uma terra habitada por estranhas criaturas e pelos míticos (não podia deixar de ser) dinossauros. O trailer ainda não existe mas o poster já saiu e assim em poucas palavras: é horrível. Até conseguiram fazer feia a rainha de Pushing Daisies, Anna Friel! Credinho mas que imagem mais desengonçada , vou já por uma foto decente da menina que é para não sairmos todos daqui com azia.


Então não é que

um filme novo chamado Annie plagiou a música de um anúncio velhinho do Millenium bcp com a Bárbara Guimarães.

Balanço 2008

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Das frases mais batidas em televisão e cinema

Sempre que existe um interrogatório da polícia e o comportamento do suspeito é posto em causa, este, alegando que fez aquilo pelo filho ou filha, pergunta:
Do you have kids detective?

Miss Créditos Finais 2008

Foi falada por três vezes. Sempre com a desculpa de que All the Boys Love Mandy Lane. Sempre com o pretexto da obra para contemplar a peça. É verdade que o filme é um excelente ensaio de terror adolescente, mas também é verdade que se não fosse Amber Heard aquele título não fazia sentido. Rapariga a faixa é tua.

Amanhã lá estarei

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Catwoman?

O exercício do boato deixa-me exausto. Porém o burburinho de que Rachel Weisz será a Catwoman no terceiro capítulo da nova saga Batman deixa-me a sonhar alto. Encosta-me num lugar onde vejo uma das minhas actrizes favoritas a colaborar num quadro quase perfeito. É esperar para acordar.

Constatação crepuscular

Sem ter visto o Crepúsculo, nem lido a Lua Nova, parece-me que a escolha de Chris Weitz para realizar este segundo capítulo é mais do que acertada. Porquê? Simplesmente porque gostei muito da Bússula Dourada. Apenas e somente por isso.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O vício de moldar o tempo

Saio de casa e dou de caras comigo. Mais velho e cansado. Este meu eu futuro diz-me que neste preciso dia devo escrever este preciso post, porque ele já o escreveu, porque ele próprio me ou se avisou. Confusos?

Realmente não é fácil entrar num esquema que torce e contorce a massa do tempo que nem padeiro desvairado. Temos de ser flexíveis como os minutos e recuar e avançar os nossos conceitos mais fixos. Para os viajantes no tempo, como eu, qualquer filme que aborde um simples recuo ou um simples avanço tem lugar garantido na sala de cinema ou no leitor cá de casa. Eu até vi a Casa da Lagoa caraças. Sim eu sei, tem o Keanu Reeves e a Sandra Bullock, sim eu sei é mau demais, mas que querem que eu faça? Tenho este problema, este vício do tema.

Esta adoração traz-me porém muitas alegrias e quando pensava que havia já muito pouco para trazer ao género (Donnie Darko foi um pico, pensei que agora o avião iria descer) eis que surgem Los Cronocrímenes e A Mulher do Viajante do Tempo. Muito distintos na história. Muito idênticos na lógica da viagem e na maneira como as coisas se influenciam e conectam. Não posso adiantar muito mais pois cairia rapidamente no campo do spoiler e isso às vezes é chato.


Posso por outro lado dizer que Los Cronocrímenes conta um dia de Hector, homem de família, rapidamente envolvido em estranhos acontecimentos que o levam a uma misteriosa máquina do tempo. Com poucos actores e um orçamento visivelmente reduzido este filme é a prova que se fazem coisas muito boas com a bela da boa ideia. O argumento é muito bom e Nacho Vigalondo constrói de forma exímia a teia narrativa, destapando nas alturas certas as revelações que nos deixam empolgados para a acção seguinte. Com um ritmo frenético, estes crimes do tempo conseguem de surpresa em surpresa ser dos entretenimentos mais eficazes e frescos que vi este ano! Pelo que ouvi dizer Cronenberg quer fazer um remake. Apesar de gostar bastante do trabalho do senhor peço que deixem esta obra de culto como está: pequenina, brilhante e muito eficaz.

Passando para as páginas, dou por fechado o livro A Mulher do Viajante do Tempo, já adaptado para filme e com chegada prevista às salas em 2009. A história relata a relação de Henry, bibliotecário, e Clare, artista plástica, numa aparente existência normal. Olhando de perto descobrimos que Henry sofre de uma doença rara e viaja involuntariamente no tempo, o que torna todo o seu fado um enleio de idas e voltas, um puzzle confuso que só faz verdadeiro sentido na vida de quem o ama. É uma história de amor arrojada, dinâmica, e diferente de tudo o que já foi escrito por essas paredes lamechas. Passar estas páginas para o écran é que me parece realmente uma tarefa complicada, pois Niffenegger brinca com datas e fragmenta por completo a vida dos protagonistas, em migalhas que vamos montando ao longo do tempo, com calma e paciência. Passar isso para filme implica escolher uma linha, cimentar os pedaços e construir um argumento que faça sentido ao espectador. Em duas horas ou menos, e especialmente quem não leu o livro, ter de encaixar aquele estranho arranjo não é um exercício fácil. A escolha dos protagonistas parece-me ser mais que certa (Rachel McAdams, suspiro). Mas certezas só mesmo para o ano.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Nomeações aos Globos de Ouro


A lista dos nomeados para a 66ª edição dos Globos de Ouro está aqui. Depois de a ler com relativa atenção concluo que:

- O par Titanic volta a atacar e Winslet consegue duas nomeações, para actriz principal e para secundária. Uma senhora actriz que merece todo o reconhecimento, todas as nomeações e todos os prémios;

- Não vi nenhuma das obras nomeadas para a categoria de Melhor Filme;

- In Bruges com três nomeações é daqueles acontecimentos saborosos e se Colin Farrell ganhar é um prémio mais que justo. Para além de ser uma grande interpretação é o seu melhor papel até ao momento;

- Colocar o que Heath Ledger fez na mesma categoria do que Robert Downey Jr. e Tom Cruise fizeram é uma brincadeira de mau gosto que devia dar pena de prisão;

- Quanto a animação um nome só, Wall-E. Mas há dúvidas?

- Melhor canção? Força Boss!


Agoram tragam lá estes filmes todos depressa que é para podermos ajuizar com todas as ferramentas que precisamos!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O ar que respiramos outra vez

Gosto de falar de filmes que, há um minuto atrás, nunca tinha ouvido falar. É o caso deste Powder Blue, um mosaico de quatro vidas complicadas numa escura véspera de Natal. O trailer faz lembrar muito, mas assim quase a papel químico, O Ar Que Respiramos. Até tem o Forest Whitaker e tudo. Estão na moda estes encontros entre desconhecidos, onde o acaso de uns dita a sorte dos outros, tudo está ligado dizem eles. Quando é bem feito gosto muito de ver, por isso espero que este azul esteja bem acima do triste ar que respirei. Uma coisa é certa, mais vale uma Jessica Biel no varão do que uma Sarah Michelle Gellar a chorar. Podia dizer também que mais vale um Ray Liotta ladrão do que um Brendan Fraser a actuar mas penso que já perceberam a ideia.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sempre foi dele

Christian Bale resgatou Bruce Wayne dum circo patético e fez-se Batman. Parecendo que toda a vida o foi. Aparece agora como John Connor e pelos escassos minutos que vejo quer-me parecer que mais uma vez salvou uma personagem. Ou melhor, parece que toda a vida o foi. Apesar do nome de McG me dar arrepios na espinha, a verdade é que este trailer de Terminator: Salvation tem óptimo aspecto. Ah e tem Bryce Dallas Howard e Moon Bloodgood (Knox sei que ela aparece poucos segundos mas já é melhor que nada;). Suspiro. Resta-nos então esperar por 2009 para ver mais uma (quase certa) salvação de Bale, e aguardar que no futuro continue a aceitar personagens míticas, que no fundo sempre foram suas.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Portugal a pé

Recheada de óptimos textos, de fantásticas fotos e de vídeos sonhadores, esta é uma viagem que não dispenso.

Para o meu tio um grande abraço e força na continuação deste excelente trabalho!

Revisões friorentas


Chegou o frio. Com ele as memórias da neve, dos filmes gelados que guardamos nas brasas do passado. Comigo trago sempre dois, Os Lobos Não Choram e Presas Brancas. Se do primeiro recordo muito pouco, do segundo lembro-me quase milimetricamente da dita ida ao cinema. Ambos são baseados em livros (de Farley Mowat e Jack London respectivamente), ambos têm a chancela da Disney, ambos são retratos de ambientes gelados onde a relação homem/lobo é explorada de forma exímia e ambos precisam de uma revisão urgente. Nada melhor que esta altura, parece que lá para o fim do mês se oferecem umas prendas e tal…

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Nunca mais chega Janeiro (parte II)

Quanto mais séries vejo, mais percebo o quanto gosto de Lost. Sim sou apanhado de todo por esta série: vejo e revejo as escassas promos que sairam, mesmo que nelas esteja uma música dos The Fray. O que é isso? É uma banda. Vejo e revejo para calar a ânsia, mesmo que nelas esteja escondido o logo das Ajira Airways. O que é isso? Na Lostpedia dão esta explicação, uma daquelas que nos deixa às escuras como nós tanto gostamos e nos faz ir aqui e largar o nosso mail. O meu já lá está.

O visitante que veio para ficar

The Visitor é dos melhores ensaios sobre a solidão que vi desde About Schimidt. Tem uma óptima banda sonora, um final fantástico e depois tem o senhor Richard Jenkins, que nos premeia com uma interpretação sublime e sincera, daquelas que só vemos de tempos a tempos e que questionamos como se faz tanto com tão pouco. Onde esteve até agora este actor que com uma mágoa pacífica nos fere e magoa os sentidos? Depois de uma passagem discreta por Burn After Reading teve aqui a sua oportunidade como protagonista e na discrição de uma música canta-nos um dos melhores papéis do ano. Para ver e rever.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Semelhanças

Então não é que o boneco do Little Big Planet é muito parecido

com o rapazola do Orfanato, que por sua vez é a versão infantil

do senhor vilão do The Strangers.

Isto há lá coisas!

Blindness


Às vezes as coisas não resultam, passam-nos ao lado e ficamos impotentes a ver o comboio passar. Não consigo encontrar uma explicação palpável para Blindness não me ter socado, tocado nem marcado. Que nem cegueira branca deixou-me frio como um cubo de gelo, perplexo e perdido à procura do que eu tinha lido nas páginas de Saramago.

O livro impressiona, marca, agonia e aperta. As personagens sem nome são veículos para uma metáfora global da humanidade, que se transforma no lado mais escuro depois de um surto de cegueira clara. Ao generalizar, é nos dado nas palavras o espaço para completarmos o que falta, encaixarmos a vida em cada pessoa, de acordo com o que já vivemos e imaginamos. Somos nós que completamos e personalizamos os ambientes e acções.

O filme segue à risca esta regra e quer-me parecer que é aqui que ele escorrega. O que no livro resulta às mil maravilhas, aqui não funciona: ao nos mostrarem as personagens anónimas estão a assumir de imediato um compromisso com o espectador, que já não pode imaginar e tem de receber as informações reais de uma personalidade, de um feitio. Precisamos de carne em cada um para podermos simpatizar ou antipatizar com este ou outro indivíduo, para podermos distinguir vilões de heróis, o mal do bem. Ficam assim sujeitos ocos que se passeiam de acontecimento em acontecimento, sem qualquer tipo de seguimento ou relação causa - efeito. As cenas sucedem-se quase por obrigação, com o intuito de meter tudo nas horas de filme, tirando a devida importância a momentos chave da história.

Luís M. Oliveira diz no Y da semana passada que “há mais Ensaio sobre a Cegueira naquele filme de Frank Darabont, Nevoeiro Misterioso, que cá estreou há uns meses, do que em todo o filme de Meirelles”. Eu não podia estar mais de acordo. Precisávamos que Gael García Bernal nos desse a loucura de Marcia Gay Harden, e que quando a tesoura espetasse fosse o alivío do outro tiro. Precisávamos de cheirar a podridão, de repudiar os actos selvagens, de enjooar só de olhar. Mas não, tudo é imaculado demais, sem a profundidade que nos conquista a flor da pele. A violência passa sem verdadeiro significado e aqueles que se queixam da brutalidade de certas cenas, das duas uma, ou não leram o livro ou então conseguiram abraçar a obra de uma forma que eu não fui capaz.

Ia com enormes expectativas e apesar de Meirelles ter boas ideias de cinema, dá aqui o seu grande tiro ao lado.



(+) Algumas transições entre planos e todos os planos de Julianne Moore.
(-) A incapacidade em nos transmitir seja o que for.